Quem é Léo Lins, humorista condenado a 8 anos de prisão por falas em shows
2025-06-05
Categoria: Entretenimento

O humorista Leo Lins, de 42 anos, foi condenado a oito anos e três meses de prisão por proferir discursos discriminatórios contra diversos grupos sociais em um show de stand-up disponibilizado no YouTube. A sentença foi determinada pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que estipulou o cumprimento da pena em regime fechado, além do pagamento de multa e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. Os advogados de Lins já anunciaram que irão recorrer da decisão.
Natural do Rio de Janeiro, Leonardo de Lima Borges Lins iniciou sua carreira no humor em 2005 e ganhou notoriedade nacional em 2008, após se destacar em um programa de talentos na televisão. Entre 2014 e 2022, fez parte do elenco fixo de um talk show. Conhecido por seu estilo provocador, suas apresentações frequentemente abordam temas sensíveis e polêmicos como pedofilia, o Holocausto, e deficiência física, com piadas dirigidas a pessoas negras, gordas, idosas, homossexuais, entre outros grupos.
A condenação está relacionada ao espetáculo “Perturbador”, publicado em vídeo no YouTube em 2022, que foi alvo de denúncia por parte do Ministério Público Federal (MPF). O órgão acusou o comediante de disseminar conteúdos preconceituosos direcionados a negros, indígenas, obesos, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, portadores de HIV, evangélicos, judeus e nordestinos.
O vídeo foi removido da plataforma em agosto de 2023, após ordem judicial, mas antes disso já havia ultrapassado 3 milhões de visualizações.
Na decisão, a juíza Barbara de Lima Iseppi afirmou que os comentários feitos por Lins promovem humilhação, intolerância e constrangimento, e ressaltou que a liberdade artística e de expressão não pode ser usada como justificativa para discurso de ódio. A magistrada argumentou que o humor também está sujeito a limites legais e que a prática de “racismo recreativo” — conforme estabelecido na nova Lei nº 14.532/2023 — agrava a conduta.
Entre os fatores agravantes, a juíza considerou o grande alcance do conteúdo, a quantidade de grupos ofendidos e o uso do contexto humorístico para disfarçar mensagens discriminatórias. Segundo ela, utilizar o riso como “ferramenta retórica” não elimina o teor ofensivo das declarações.
Essa não é a primeira vez que Leo Lins se vê no centro de controvérsias. Em 2022, foi condenado a pagar R$ 44 mil por danos morais após ofender a mãe de um jovem com autismo. No mesmo ano, foi duramente criticado por fazer piadas com uma criança portadora de hidrocefalia. Já em 2021, teve um show cancelado pela Prefeitura de Guarujá (SP), episódio que classificou como censura.
Apesar das constantes polêmicas, Lins mantém um público fiel nas redes sociais, com cerca de 2,9 milhões de seguidores no Instagram, 2,1 milhões no TikTok e 1,5 milhão de inscritos no YouTube. Após a sentença, ele publicou uma imagem da deusa Themis — símbolo da Justiça — acompanhada da legenda: “Ironia ou realidade? Arte ou crime?”.
A defesa do humorista criticou a sentença, classificando a punição como excessiva e levantando preocupações sobre os limites da liberdade de expressão e da arte no país.