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Começa a valer nova tarifa dos EUA contra Brasil; exportações de SC já sentem efeitos

2025-08-06

Categoria: Notícias

Começa a valer nova tarifa dos EUA contra Brasil; exportações de SC já sentem efeitos

Entram em vigor tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros; SC já sente os efeitos

A partir desta quarta-feira (6), os Estados Unidos passam a cobrar tarifas de 50% sobre diversos produtos importados do Brasil. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump no início de julho, foi oficializada em 30 de julho por meio de ordem executiva, e representa um novo capítulo nas relações econômicas e diplomáticas entre os dois países.

A sobretaxa inclui um acréscimo de 40% sobre a tarifa já existente de 10%, totalizando os 50% cobrados a partir de hoje. A medida afeta diretamente o custo dos produtos brasileiros nos EUA, tornando-os menos competitivos frente aos nacionais ou de outros países.

Por exemplo, se uma empresa americana importar um carro avaliado em R$ 100 mil, terá de pagar R$ 50 mil a mais em impostos — custo que tende a ser repassado ao consumidor final.

Justificativas dos EUA e tensão diplomática

O governo dos EUA justificou a decisão alegando que ações do governo brasileiro estariam prejudicando empresas americanas, violando a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA e afetando interesses estratégicos do país.

O anúncio inicial foi feito no dia 9 de julho em uma publicação de Trump na Truth Social, dirigida ao presidente Lula. Em resposta, Lula afirmou que o Brasil responderá com base na "Lei de Reciprocidade Econômica", reforçando a soberania nacional. Desde então, o clima diplomático entre os países se deteriorou, sem diálogo direto entre os líderes.

No mesmo dia da assinatura do decreto, os EUA também aplicaram a Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, bloqueando bens e proibindo que ele utilize serviços ou cartões americanos.

Impactos diretos em Santa Catarina

Santa Catarina já sente os reflexos do tarifaço. De acordo com o economista-chefe da Fiesc (Federação das Indústrias de SC), Pablo Bittencourt, houve queda nos pedidos de exportação e redução nos embarques, o que deverá causar uma retração de 0,3% no PIB estadual em até dois anos.

Setores mais atingidos incluem:

  • Madeira e móveis – fortemente dependentes do mercado imobiliário dos EUA.

  • Máquinas, motores, compressores e motobombas.

  • Produtos alimentícios como carnes, mel, pescados, café e frutas.

Muitas empresas já iniciaram demissões ou férias coletivas para conter prejuízos, afetando toda a cadeia produtiva.

Efeitos no mercado interno

Como parte da produção destinada aos EUA tende a permanecer no Brasil, há expectativa de redução de preços internos no curto prazo para alguns itens, como frutas e café. No entanto, especialistas alertam que isso não representa necessariamente uma inflação positiva, mas sim um reflexo de dificuldades no comércio exterior.

Busca por soluções e novos mercados

Empresas e entidades como a Fiesc estão buscando alternativas para escoar a produção, seja no mercado interno ou por meio de exportações a outros países. O governo estadual também tem estudado medidas fiscais e linhas de crédito para mitigar os prejuízos.

Produtos isentos e alvos do tarifaço

Apesar da dureza da medida, cerca de 700 produtos foram isentados da nova tarifa, o que representou um certo alívio para setores como:

Isentos da sobretaxa (seguem com tarifas normais):

  • Setor aeronáutico (incluindo Embraer)

  • Veículos e autopeças

  • Energia e combustíveis

  • Parte do agronegócio (suco de laranja, castanhas, madeira tropical, fertilizantes)

  • Mineração e metais (alumínio, ouro, prata, silício etc.)

  • Eletrônicos

  • Doações e bens em trânsito

Alvos da tarifa de 50%:

  • Café

  • Carne bovina

  • Frutas

  • Têxteis e calçados

  • Móveis

SC: maioria dos produtos segue taxada

Segundo levantamento da Fiesc, a maior parte dos itens exportados por Santa Catarina não está entre os isentos. Produtos de madeira e móveis — os mais exportados pelo estado para os EUA — seguem sujeitos à tarifa até o fim de investigações em andamento.

A presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, reforça que a situação de cada empresa deve ser analisada com atenção, já que um mesmo setor pode ter produtos tanto incluídos quanto excluídos da lista da sobretaxa.